domingo, 14 de abril de 2013

ANÁLISE DAS IMAGENS E DO DISCURSO NOS LEADS DAS REVISTAS CLAUDIA E CAPRICHO


ANÁLISE DAS IMAGENS E DO DISCURSO NOS LEADS DAS REVISTAS CLAUDIA E CAPRICHO
                                                     [1] Jaqueline Machado

RESUMO: A análise que faremos da capa das revistas Claúdia e Capricho, tem embasamento teórico na AD francesa, em decorrência de se considerar a historicidade dos sentidos. Apresentamos alguns conceitos básicos, tais como: sujeito, ideologia, discurso, sentido, língua e formação discursiva, histórico da AD e por ultimo faremos a análise detalhada dos elementos presentes no discurso dos leads da capa das revistas.
A Análise do Discurso (AD) articulada por Pêcheux surgiu na conjuntura política e intelectual francesa, coincidindo com o auge do estruturalismo na Europa, sobretudo na França, figurando como paradigma entre a filosofia e prática política.Na AD, a proposta intelectual fundamenta-se na questão do sentido e se constitui no espaço em que a Linguística tem a ver com a Filosofia e com as Ciências Sociais. A linguagem só faz sentido porque se inscreve na história. A  Análise de Discurso abrange três áreas de conhecimento: a teoria da sintaxe e da enunciação; a teoria da ideologia e a teoria do discurso, que é a determinação histórica dos processos de significação, de acordo com Pêcheux (1995).



PALAVRAS-CHAVE: Leads, discurso, capa de revistas
1. INTRODUÇÃO
       A análise que faremos da capa das revistas Claúdia e Capricho, tem embasamento teórico na AD francesa, em decorrência de se considerar a historicidade dos sentidos. Apresentamos alguns conceitos básicos, tais como: sujeito, ideologia, discurso, sentido, língua e formação  discursiva.
A Análise do Discurso (AD) articulada por Pêcheux surgiu na conjuntura política e intelectual francesa, coincidindo com o auge do estruturalismo na Europa, sobretudo na França, figurando como paradigma entre a filosofia e prática política. O movimento de maio de 68 na França e as novas interrogações que surgiram no âmbito das ciências humanas foram decisivos para reverter o paradigma reinante e trazer o sujeito para o centro do novo cenário. Para os defensores do paradigma estrutural, foi a constante e deliberada exclusão do sujeito advinda com o corte saussureano, elemento suscetível de discussões e divergências na análise do objeto científico.
Foucault, nos anos 60, deixou sua contribuição para o desenvolvimento da AD apresentando suas posições teóricas, primeiramente em As palavras e as coisas (1966), depois em Arqueologia do saber (1969) e em A ordem do discurso (1972), de onde advêm vários conceitos para a Análise do Discurso francesa.
Na Análise do Discurso, a proposta intelectual fundamenta-se na questão do sentido e se constitui no espaço em que a Lingüística tem a ver com a Filosofia e com as Ciências Sociais. A linguagem só faz sentido porque se inscreve na história. A  Análise de Discurso abrange três áreas de conhecimento: a teoria da sintaxe e da enunciação; a teoria da ideologia e a teoria do discurso, que é a determinação histórica dos processos de significação, de acordo com Pêcheux (1995).
2. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
2.1 ANÁLISE DO DISCURSO
             A Análise do Discurso (AD) articulada por Pêcheux surgiu na conjuntura
política e intelectual francesa, coincidindo com o auge do estruturalismo na Europa,
sobretudo na França, figurando como paradigma entre a filosofia e prática política. O
movimento de maio de 68 na França e as novas interrogações que surgiram no âmbito das ciências humanas foram decisivos para reverter o paradigma reinante e trazer o sujeito para o centro do novo cenário. Para os defensores do paradigma estrutural, foi a constante e deliberada exclusão do sujeito advinda com o corte saussureano, elemento suscetível de discussões e divergências na análise do objeto científico. Foucault, nos anos 60, deixou sua contribuição para o desenvolvimento da AD apresentando suas posições teóricas, primeiramente em As palavras e as coisas (1966), depois em Arqueologia do saber (1969) e em A ordem do discurso (1972), de onde advêm vários conceitos para a Análise do Discurso francesa.
Outro pensador relevante foi Bakhtin, que viveu na Rússia stalinista, motivo pelo qual sua obra só foi traduzida no Ocidente no final da década de 60 (Marxismo e Filosofia da linguagem, de 1929; Estética e Teoria do romance; Estética da criação
verbal), período em que influencia a reflexão da Análise do Discurso. Ele já trazia, em seus escritos, a idéia da heterogeneidade, do dialogismo, da inscrição da discursividade em um conjunto de traços sócio-históricos, em relação ao qual todo sujeito é “obrigado” a se situar. Bakhtin foi filósofo, mas contribuiu com suas reflexões para a lingüística e para a literatura.
Na Análise do Discurso, a proposta intelectual fundamenta-se na questão do sentido e se constitui no espaço em que a Lingüística tem a ver com a Filosofia e com as Ciências Sociais. A linguagem só faz sentido porque se inscreve na história. A Análise de Discurso abrange três áreas de conhecimento: a teoria da sintaxe e da enunciação; a teoria da ideologia e a teoria do discurso, que é a determinação histórica dos processos de significação, de acordo com Pêcheux (1995).
Da articulação dessas propostas de estudos do discurso, resulta a posição crítica assumida nos anos 60 em relação à noção de leitura, de interpretação, que problematiza a relação do sujeito com o sentido (da língua com a história).
Discurso suscetível de discussões e divergências na análise do objeto científico. A
Foucault, nos anos 60, deixou sua contribuição para o desenvolvimento da AD apresentando suas posições teóricas, primeiramente em As palavras e as coisas (1966), depois em Arqueologia do saber (1969) e em A ordem do discurso (1972), de onde advêm vários conceitos para a Análise do Discurso francesa.

2.2 SUJEITO
             
       “O sujeito é sempre e ao mesmo tempo sujeito da ideologia e sujeito do desejo
inconsciente e isso tem a ver com o fato de nossos corpos serem atravessados pela
linguagem antes de qualquer cogitação” (HENRY, 1922, p. 188).
De acordo com Pêcheux (1969 1983): “o sujeito do discurso não é, então apenas sujeito ideológico marxista-althusseriano, nem apenas o sujeito do inconsciente freudo–lacaniano; tampouco uma junção entre essas duas partes”.
O que vai representar a diferença desse sujeito, a sua marca discursiva, é o papel de intervenção da linguagem na perspectiva lingüística e histórica que a AD lhe atribui. Pêcheux considera que a noção de sujeito deixa de ser uma noção idealista, imanente; o sujeito da linguagem não é o sujeito em si, mas tal como existe socialmente, interpelado pela ideologia. Dessa forma, o sujeito não é origem, a fonte absoluta do sentido, porque, na sua fala, outras falas se dizem. Trata-se da “ilusão discursiva do sujeito”, que “consiste em pensar que ele é a fonte, a origem do sentido do que diz” (PÊCHEUX, 1995, p. 163).

           
2.2.1 IDEOLOGIA
            I
Para Orlandi (2001 p. 45-8):
é o trabalho da ideologia: produzir evidências, colocando o homem na relação imaginária com suas condições materiais de existência. A ideologia é a condição para a constituição do sujeito e dos sentidos (Pêcheux, 1988). O indivíduo é interpelado em sujeito pela ideologia para que se produza o dizer.


Pêcheux concebe que o sujeito tem sua característica comum, que é a de dissimular sua existência no interior de seu próprio funcionamento, produzindo um tecido de evidências “subjetivas”. A evidência do sujeito – a de que somos sempre já sujeitos – apaga o fato de que o indivíduo é interpelado em sujeito pela ideologia. Esse é
o paradoxo pelo qual o sujeito é chamado à existência: sua interpelação pela ideologia.


2.2.2 SENTIDO

            Para Pêcheux (1986), na Análise do Discurso um dos “pontos fortes” é resignificar a noção de ideologia a partir da consideração da linguagem. O fato mesmo de que não há sentido sem interpretação atesta a presença da ideologia. Assim, não há sentido sem interpretação, e, diante de qualquer objeto simbólico, o homem é levado a interpretar, colocando-se diante da questão: o que isto quer dizer?
Para Orlandi (2001, p. 46), nesse movimento da interpretação, o sentido aparece-nos como evidência, como se estivesse já sempre lá. Interpreta-se e, ao mesmo tempo, nega-se a interpretação, colocando-a no grau zero. Naturaliza-se o que é produzido na relação do histórico e do simbólico. Mecanismo ideológico – de apagamento da interpretação –, pressupõe a transposição de formas materiais em outras, construindo-se transparências, como se a linguagem e a história não tivessem sua espessura, sua opacidade para serem interpretadas por determinações históricas que se apresentam como imutáveis naturalizadas.


2.2.3 LÍNGUA

          Saussure atribui à língua, concebida como um sistema, o estatuto de objeto dos estudos lingüísticos, excluindo a fala desse campo. A língua se opõe à fala, sendo a primeira sistêmica e objetiva e a segunda concreta, variável de acordo com cada falante e, por isso, subjetiva.
Para Pêcheux, o deslocamento conceitual introduzido por Saussure consiste em separar a homogeneidade cúmplice entre a prática e a teoria da linguagem pois, sendo a língua pensada como um sistema, ela “deixa de ser compreendida como tendo a função de exprimir sentido; ela torna-se um objeto do qual uma ciência pode descrever o funcionamento” (Pêcheux, 1997b, p.62).

2.2.4 DISCURSO

       Para Foucault (1969), o discurso é uma dispersão, isto é, formado por elementos que não estão ligados por nenhum princípio de unidade. Para descrever essa dispersão, cabe à AD estabelecer regras capazes de reger a formação dos discursos.
Essas regras de formação nada mais são que a “formação discursiva”, que se apresenta sempre como um sistema de relações entre objetos, tipos enunciativos, conceitos e estratégias.
Definindo o discurso como um conjunto de enunciados que remete a uma mesma formação discursiva (“um discurso é um conjunto de enunciados que tem seus princípios de regularidade em uma mesma formação discursiva”), Foucault afirma que a análise de uma formação discursiva consistirá na descrição dos enunciados que a compõem. Para Pêcheux, é o efeito de sentido construído no processo de interlocução.
Já para Orlandi (2001), seguidora de Pêcheux, O discurso não é fechado em
si mesmo e nem é do domínio exclusivo do locutor: aquilo que se diz significa em
relação ao que não se diz, ao lugar social do qual se diz, para quem se diz em relação a outros discursos”.


2.2.5 FORMAÇÃO DISCURSIVA
      Uma formação discursiva (FD) é definida como
um conjunto de regras anônimas, históricas, sempre determinadas no tempo e no espaço, que definiram uma época dada, e para uma área social, econômica e geográfica ou lingüística dada, as condições de exercício da função enunciativa (Foucault, 1987b, pp.43-4).
As FD’s estão posicionadas em complexos de FD’s relacionadas, referidas como ‘interdiscurso’ e os significados específicos de uma FD são determinados pelo exterior em sua relação com o interdiscurso. No entanto, os sujeitos não estão conscientes desta determinação externa, percebendo-se como fonte dos significados de uma FD, quando eles são, na verdade, seus efeitos.
A introdução do conceito de formação discursiva coloca em cheque  a noção de máquina estrutural fechada, “na medida em que o dispositivo da FD está em relação paradoxal com seu ‘exterior’: uma FD não é um espaço estrutural fechado, pois é constitutivamente ‘invadida’ por elementos que vêm de outro lugar” (Pêcheux 1997a, p.314).

3 DESENVOLVIMENTO

 Neste trabalho, analisaremos a capa das revistas Claudia (anexo 1) e Capricho (anexo 2). A escolha do referido material foi feita durante a leitura da revista. A análise do discurso presente no texto ,bem como seu viés ideológico, foi feita seguindo a visão de Foucault e Pêcheux, conforme nos orientou a professora da disciplina.
Para entendermos melhor a formação discursiva presente em um texto, a análise do discurso, possibilita-nos estudar as relações entre sujeito, discurso, ideologia, língua entre outros.
Segundo Foucault (1987), um conjunto de regras anônimas, históricas, sempre determinadas no tempo e no espaço, que definiram uma época dada, e para uma área social, econômica e geográfica ou lingüística dada, as condições de exercício da função enunciativa.
A revista Capricho tem conseguido retratar bem o que é de interesse dos jovens, a cada nova edição ela consegue esclarecer inúmeras dúvidas, trás dicas e ainda ótimas opções de entretenimento. A revista não é um conteúdo recente, ela teve a sua primeira publicação em 1952, mas só começou a realmente fazer sucesso na década de 80, quando fez dos jovens o seu público alvo.
Na Capricho os jovens podem  encontrar conselhos sobre relacionamentos, notícias sobre música e ainda outros temas que dominam o mundo teen. As garotas ainda podem conferir dicas de beleza e consultar as previsões do horóscopo.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Inicialmente faremos a análise das imagens usadas e do discurso usado nos leads da capa da revista Claudia.
A revista Claudia tem como cor de fundo uma tonalidade mais sóbria dando um certo requinte para a revista,temos ilustrando a capa a cantora Ivete Sangalo ,mulher adulta,famosa,bonita, descontraída e moderna. Temos ainda um lead que diz que: Ivete Sangalo na pobreza e na riqueza, ”sempre tive um pacto com a felicidade”, esta frase certamente irá chamar a atenção dos leitores, despertar curiosidades a respeito da vida da cantora e irá aproximá-la das leitoras com menor poder aquisitivo ,porque Ivete também já foi pobre.
Seguindo a análise temos a declaração de Pitanguy, que diz que “as rugas são indispensáveis a dignidade de um rosto”, qual mulher depois dos 40 que não gostaria de ouvir isto ?Ainda mais vindo da boca de um dos mais renomados cirurgiões plásticos do Brasil?
Entre muitos outros assuntos que a revista elenca as mulheres ainda podem ter acesso a “receita” de como se livrar do homem errado e encontrar o homem certo. Horóscopo que diz que Marte desafia você a vencer todas as frentes: amor, trabalho saúde.
Diante do que está estampado na capa da revista podemos inferir que apesar da revista Claudia ser voltado a um público feminino relativamente culto e bem sucedido profissionalmente, ela ao abordar este tipo de assunto entra no senso comum de que toda mulher independentemente da classe social e nível intelectual, possui um viés de insegurança e de falta de confiança em si mesmo.
A seguir faremos a analise da revista Capricho voltada a um público mais jovem do que o público da revista Claudia.

A revista Capricho traz como cor de fundo uma tonalidade vibrante que contrasta com o nome da revista escrita em cor fosforescente e vibrante, passando a ideologia de que seu público alvo é jovem, jovem, alegre e descontraído sem medo de censura, temos ilustrando a capa a jovem atriz Grazi (ex BBB) revelando que adora desafios. Seguindo, temos em letras garrafais coloridas a seguinte frase: SE JOGUE NAS FÉRIAS!, fazendo uso de uma linguagem coloquial e descontraída própria dos jovens, reforçando assim a idéia de que a revista tem como alvo os jovens.A revista é repleta de conselhos,depoimentos e sugestões de como o jovem deve se vestir e agir.Finalizando a analise da capa da revista podemos observar,ainda, um teste que as jovens leitoras podem fazer para saber se sabem se proteger do sol, penso que ao abordar esta temática a revista está de certa forma “aliviando” a jovem leitora e dando a ela a imagem de uma leitora que se preocupa também com sua saúde e não só com assuntos fúteis.

5 CONSIDERAÇÔES FINAIS

Após a realização desse trabalho podemos observar que as nossas revista sempre tem uma ideologia em seu discurso e que procura adaptar-se a um determinado público,procurando sanar suas dúvidas e acalmando seus dissabores,fazendo com que determinados leitores se identifiquem com elas e façam delas seu conselheiro aquele suporte que elas precisam para continuar lutando,pois sempre busca mostrar que as dúvidas e dissabores da vida são universais e que até as mais belas e famosas mulheres também possuem.Diante disso podemos observar que tudo isso fecha com  a idéia de Orlandi (2001), seguidora de Pêcheux,  que diz que: O discurso não é fechado em si mesmo e nem é do domínio exclusivo do locutor: aquilo que se diz significa em relação ao que não se diz, ao lugar social do qual se diz, para quem se diz em relação a outros discursos”.

      


6. REFERÊNCIAS

ALTHUSSER, L. (1974) Ideologia e aparelhos ideológicos de Estado. São Paulo: Martins  Fontes.

BAKTHIN, M. (1992), Marxismo e Filosofia da Linguagem: 6ª ed., São Paulo: Hucitec

BRANDÃO, H. H. N. (1991). Introdução à análise do discurso. Campinas: Editora da Unicamp.

MAINGUENEAU, D.(1989). Novas Tendências em análise do discurso. Campinas: Pontes

ORLANDI, E. (1988). Discurso e Leitura. São Paulo: Cortez.

PÊCHEUX, M. (1990). Análise Automática do Discurso. Campinas:  Editora da Unicamp.
           
TEXTO FONTE:

CAPA REVISTA CLAUDIA
CAPA REVISTA CAPRICHO



:
TEXTO-FONTE: Zero Hora,Jornal (12/06/09)

ANEXO  1


12 de junho de 2009

EDITORIAL

Desmandos no Senado


1.Depois de surpreender o país com a descoberta de que tinha 600 funções comissionadas e
2.cargos com gratificação, dos quais, 181 diretores, o Senado surpreende agora com a revelação
3.de uma inadmissível caixa-preta num órgão que deveria se pautar sempre pela transparência:
4.atos administrativos secretos foram usados para nomear parentes, amigos, criar cargos e 5.aumentar salários. Levantamento feito por técnicos do Senado nos últimos 45 dias, a pedido da
6.1ª Secretaria, detectou cerca de 300 decisões que não foram publicadas, muitas adotadas há
7.mais de 10 anos. As medidas entraram em vigor, gerando gastos desnecessários e suspeitas da 8.existência de funcionários-fantasmas. A mistura de ineficiência e desmando político-9.administrativo consentida pelos próprios senadores pode ser mensurada pelo aumento dos
10.gastos. De R$ 2,1 bilhões em 2007, o montante subiu para R$ 2,8 bilhões no ano passado. Para 11.este ano, a folha salarial é de R$ 3 bilhões 42,8% de aumento em dois anos. O percentual é 12.explicável também pelo fato de muitos diretores ganharem até R$ 20 mil mensais.

13.Esses novos dados ampliam algo que a sociedade já considerava abusivo e inadmissível. A
14. revelação de que em administrações sucessivas ocorreram descontroles gerenciais e as
15.funções de comando foram utilizadas para favorecer parentes, amigos ou correligionários
16.ajuda a explicar por que a imagem do Legislativo está tão desgastada e por que são exigidas 17.providências mais efetivas do que as tomadas até agora. O excesso de diretorias, revelação
18.que à época foi considerada das mais escandalosas, era apenas uma das distorções – e não a
19.mais escandalosa. A existência de atos secretos de nomeações e exonerações indica que as 20.próprias administrações do Senado tinham consciência de que havia irregularidades e, pior,
21.que elas precisavam ser mantidas fora do conhecimento da população. O caso mais chocante é
22.o da contratação do neto do senador e ex-presidente José Sarney, nomeado num jogo de
23.toma lá dá cá familiar e político.

24.O Senado tem obrigação de dar explicações convincentes sobre esses fatos e de
25.adotar medidas capazes de investigar e punir os faltosos do passado e, acima de tudo, de impedir
26.que se repitam.


ANÁLISE DOS ELEMENTOS DE COESÃO EM EDITORIAL



RESUMO: Na década de 60, os linguistas verificaram que a linguística na frase não estava sendo satisfatória para resolver certos fenômenos sintáticos-semanticos existentes entre enunciados e sequencias de enunciados. Surge assim, os primeiros estudos sobre a organização textual definidos como coerência. Dentro dos estudos linguísticos podemos elencar a gramática sistêmico-funcional de Halliday e Mathiessen (2004) que apresenta os recursos de coesão - conjunção, referência, elipse e substituição e coesão lexical – elementos essenciais para a formação do sentido do texto. Levando em conta essa gramática, o artigo a seguir analisa o gênero textual editorial “ Desmandos no Senado”, publicado no Jornal Zero Hora do dia 12 de junho de 2009.  No texto analisado verificamos a grande ocorrência de conjunções, e houve a pouca ocorrência de referência, coesão lexical, elipses e substituições.
PALAVRAS-CHAVE: Linguística Textual.Recursos de Coesão.Editorial.


1 INTRODUÇÃO

Ler é um processo contínuo que se confunde com o próprio fato de se estar no mundo interagindo com ele. Assim, ler não é um ato mecânico, e sim um processo ativo. A mente filtra as informações recebidas, interpreta essas informações e seleciona aquelas que são consideradas relevantes. O que se fixa em nossa mente é o significado geral do texto.
       Na década de 60 surgiu na Europa a ciência que estuda o texto e suas relações, a chamada Linguística Textual. Nos anos 80, iniciaram-se no Brasil, os primeiros estudos dessa ciência que propôs analisar o texto como sequências linguísticas coerentes entre si. O principal objetivo da Linguística textual é estudar os processos e mecanismos de construção textual que dão significado ao texto.
         É necessário refletir sobre a construção do texto, as estratégias linguisticas formais, a fim de que haja comunicação. A linguística do texto deve operar como um termo intermediário entre a língua e a fala, deve dar relevância primordial às questões de ordem pragmática relativas à enunciação.
       A  Linguística, dá embasamento para  vários estudos na área da produção textual, e é a partir deste ponto que nortearemos o trabalho a seguir, baseado no editorial : “ Desmandos no Senado”, publicado no Jornal Zero Hora do dia 12 de junho de 2009 . Primeiramente, serão expostas algumas considerações sobre a Linguística Textual, em seguida, mais especificamente, sobre coesão textual e os elementos que a abrange.


2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

2.1 LINGUÍSTICA TEXTUAL     
         Linguística Textual surge dos estudos que se vêm desenvolvendo na área da lingüística. A partir da década de 60, os lingüistas constataram que a frase não dava conta de explicar a produção de sentidos e que seu sentido só poderia ser encontrado a partir do texto com referência a um contexto situacional. Desta mudança de investigação dos lingüistas, FÁVERO & KOCH (1988: 11) enunciam:
Sua hipótese de trabalho consiste em tomar como unidade básica, ou seja, como objeto particular de investigação, não mais a palavra ou frase, mas sim o texto, por serem os textos a forma específica de manifestações da linguagem.
            A Linguística Textual toma, então, como objeto particular de investigação o texto considerado como unidade básica de manifestação da linguagem, pois o homem se comunica através de textos nos quais existem diversos fenômenos que só podem ser explicados em seu próprio interior.
            A coerência e coesão textuais são conceitos nucleares da lingüística textual que dizem respeito a dois fatores de garantia e preservação da textualidade.        Coerência é a ligação em conjunto dos elementos formativos de um texto, a coesão é a associação consistente desses elementos. A distinção entre estes dois fatores de textualidade ainda está em discussão quer na teoria do texto, quer na linguística.
            Halliday e Hasan (1976) são autores que apenas se referem a aspectos, sem qualquer distinção. Por outro lado, autores como Beaugrande e Dressler apresentam coerência e coesão como níveis distintos de análise.
            A coesão diz respeito ao modo como ligamos os elementos textuais uma sequência; a coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito aos conceitos e as relações semânticas que permitem a união dos elementos textuais.
            Cabe ainda lembrar que, conforme os filósofos analíticos de Oxford toda a manifestação linguística constitui um ato de linguagem isto é, realiza uma ação. Assim os enunciados são dotados de conteúdo proporcional e força ilocucionária.
Marcuschi (1986, p. 12, 13) define Lingüística Textual como “o estudo das operações lingüísticas e cognitivas reguladoras e controladoras da produção, construção, funcionamento e recepção de textos escritos e orais. Trata o texto como um ato de comunicação unificado num complexo universal de ações humanas. Por um lado, deve preservar a organização linear que é o tratamento estritamente lingüístico abordado no aspecto da coesão e, por outro lado, de intenções que realizam a coerência no aspecto semântico e funções pragmáticas.”
            Dos aspectos responsáveis pela textualidade, nesse trabalho, será feito um estudo mais aprofundado da Coesão Textual, uma vez que, será feita a análise dos elementos coesivos no gênero editorial, buscando ressaltar a importância desses elementos para a compreensão do texto, bem como do gênero enquanto circulação social.


2.2 COESÃO

             O estudo da coesão textual tem sido predominantemente desenvolvido dentro do ramo da linguística a que se denomina linguística do texto. Halliday e Hasan (1976) definem coesão como sendo um conceito semântico, o qual se refere às relações de significados que existem dentro do texto. Afirmam que a coesão define se o texto é ou não um texto. Para os autores, a coesão ocorre quando a interpretação de um elemento depende da interpretação de outro. Acrescentam que a coesão é parte do sistema de uma língua e é expressa parcialmente, através da gramática e, parcialmente, através do léxico. Eles interpretam, na prática, coesão como vários recursos semânticos para ligar uma sentença com o que foi expresso antes. Entendem que a coesão textual depende de cinco categorias de procedimentos, a referência (pessoal, demonstrativa, comparativa), substituição (nominal, verbal, frasal), elipse (nominal, verbal, frasal), conjunção (aditiva, adversativa, causal, temporal, continuativa) e coesão lexical (repetição, sinonímia, hiperonímia, uso de nomes genéricos, colocação), sendo que cada um desses mecanismos tem características próprias.
            Beaugrande & Dressler (1981), colocam que a coesão concerne ao modo como os componentes da superfície textual, isto é, as palavras e frases que compõem um texto, encontram-se conectadas entre si numa seqüência linear, por meio de dependências de ordem gramatical.
Os autores acima afirmam que a coesão é uma condição necessária, embora não suficiente para a criação do texto. Para Marcuschi (1986) não se trata de condição necessária, nem suficiente: existem textos destituídos de recursos coesivos, mas em que a continuidade se dá ao nível de sentido e não ao nível das relações entre os constituintes lingüísticos. Por outro lado, há textos em que ocorre um seqüenciamento coesivo de fatos isolados que permanecem isolados, e com isso não têm condições de formar uma textura. Ele define os fatores de coesão como “aqueles que dão conta da estruturação da seqüência superficial do texto”, estabelecer, entre os elementos afirmando que se trata de mecanismos formais de uma língua que permitem lingüísticos do texto, relações de sentido.
Para Halliday e Hasan (1976) a referência engloba todos os termos que não podem ser interpretados semanticamente sozinhos, mas que fazem referência a um outro termo, para se dar a interpretação. A referência pode ser situacional (exofórica), quando é dirigida a algum elemento da situação comunicativa, extratextual, ou textual (endofórica), quando o referente esta contido no texto, neste caso a referência pode ser anafórica, se o referente vier antes do item coesivo, ou catafórico quando o referente vier após o elemento coesivo. Há três tipos de referência: pessoal, demonstrativa e comparativa. A referência pessoal é feita a partir de pronomes pessoais. A referência demonstrativa realiza-se por meio de pronomes demonstrativos e advérbios indicativos de lugar. E, por fim, a referência comparativa é efetuada por via indireta e por meio de identidade e similaridade.
            Segundo os autores (1976, p.145 apud Dimas e Scavazza 2005), a substituição é a pressuposição no nível de palavras e estruturas. Ela consiste na colocação de um item em lugar de outro (s) elemento (s) do texto, ou até mesmo de uma oração inteira.       Eles (1976, p.90), classificam a substituição em três tipos distintos, que são: nominal, verbal e frasal. O primeiro tipo, nominal, só pode substituir um item nuclear de um outro grupo nominal, mas não necessitando esse item possuir a mesma função na frase. Já na substituição verbal, um item (verbo) funciona como núcleo do grupo verbal que retoma o que foi exposto antes e que sempre aparecera no final da oração. Por fim, na substituição frasal, um elemento do texto passa a ser entendido como uma frase.
            Em relação a elipse, os autores (1976) colocam que ela pode ser interpretada como uma forma especial de substituição, na qual os itens não são substituídos por nenhum outro item lexical, sintagma, oração ou enunciado, facilmente recuperável pelo texto.
            A conjunção diferencia-se dos demais mecanismos coesivos, pois não estabelece uma relação anafórica entre as partes do todo. Halliday e Hasan (1976, p.226), apresentam como principais tipos de conjunção a aditiva, a adversativa, a causal, a temporal e a continuativa.
            A coesão lexical, para os autores (1976), é obtida por dois mecanismos: a reiteração e a colocação. O primeiro mecanismo faz-se por repetição do mesmo item lexical ou por meio de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos cuja função coesiva está no limite entre as coesões lexical e gramatical. Já a colocação é a relação dos elementos lexicais que ocorrem juntos regularmente.
Fávero (1995) afirma que a proposta de Halliday e Hasan suscita algumas indagações, como: a separação entre substituição, elipse e referência, por que separá-las? A referência exofórica deve ser considerada um mecanismo de coesão? Por que considerar a coesão lexical um tipo à parte, se ela tem função de estabelecer referência?
A partir dessas indagações, ela apresenta uma reclassificação, considerando termos que exercem a função coesiva na construção do texto. Ela propõe três tipos de coesão: referencial, recorrencial e seqüencial.
A coesão referencial diz respeito aos itens que têm como função estabelecer referência, isto é, não são interpretados semanticamente pelo seu sentido próprio, mas fazem referência a alguma coisa necessária a sua interpretação. Podem ser por substituição ou reiteração.
A coesão recorrencial se dá quando, apesar de haver retomada de estruturas, itens ou sentenças, o fluxo informacional caminha, progride; tem, então, por função levar adiante o discurso. Os casos de coesão recorrencial constituem-se em: recorrência de termos, paráfrases, paralelismos e recursos fonológicos segmentais e supra-segmentais.
elipses e substituições. Já na zona lexical, está a coesão lexical que pode Os mecanismos de coesão seqüencial têm por função, da mesma forma que os de recorrência, fazer progredir o texto, fazer caminhar o fluxo informacional, entretanto, diferem-se dos de recorrência, por não haver neles retomada de itens, sentenças ou estruturas. Podem ocorrer por seqüenciação temporal e por conexão.
            Nesse trabalho serão utilizados os recursos lexicogramaticais de coesão propostos por Halliday e Matthienssen (2004) divididos em: zona gramatical e zona lexical. Na zona gramatical estão as referências, as conjunções e as ser por repetição, sinonímia, hiponímia, meronímia e colocação.
As referências podem ser pessoais – pronomes pessoais, oblíquos e possessivos, demonstrativas – pronomes demonstrativos e advérbios dêiticos e comparativas – adjetivos e advérbios comparativos.
A elipse e substituição podem ser de oração, parte de oração, grupo verbal e grupo nominal.
As conjunções, relações lógico-semânticas usadas para ligar pares de orações em conexões, se dividem em três tipos de expansão: elaboração, extensão e intensificação. Na elaboração, os elementos são utilizados pra representar ou restabelecer, como também para sumarizar, com maior precisão o termo apresentado anteriormente. Na extensão, as informações são expandidas através de acréscimo ou variação de informação. Já na intensificação, a informação é enriquecida por outras informações de cunho espacial, temporal, causal, condicional, entre outras.
Esses três tipos de expansão das conjunções subdividem-se em vários outros. A elaboração pode ser por clarificação ou exposição. A expansão pode ser por adição e variação. A intensificação pode ser espaço-temporal, de modo, causal-condicional e de assunto.
Segundo Halliday e Matthienssen (2004), as conjunções são sistemas coesivos que se desenvolvem como um recurso complementar para criar e interpretar textos. O sistema de conjunção pode se verificar dentro da oração complexa, mas também além do domínio gramatical da oração.


3 METODOLOGIA

Segundo Halliday e Matthiessen (2004), a metafunção textual trata da organização do texto como mensagem, tem como função estudar a organização do fluxo de informação e as relações coesivas no texto.
Neste trabalho, analisaremos o editorial “Desmandos no Senado”, publicado no Jornal Zero Hora do dia 12 de junho de 2009 (anexo 1). A escolha do referido texto foi feita durante a leitura do jornal “on line“. A análise dos elementos de coesão presentes no texto - referência, substituição, elipse, coesão lexical e conjunção - foi feita seguindo a visão de Halliday e Mathessen (2004), conforme nos orientou a professora da disciplina.


4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para entendermos melhor o texto, a linguística textual ou linguística do texto, possibilita-nos estudar as relações sintático-semanticas entre enunciados.
Segundo Halliday (2004), o texto é a forma lingüística de interação social, sendo este composto por uma progressão sucessiva ou simultânea de significados, progressão gerada pelos mecanismos de coesão que são os elementos presentes na superfície textual e que se encontram interligados por meio de recursos linguísticos.
São estes elementos que procuramos identificar e analisar no editorial  “Desmandos no Senado”, publicado no Jornal Zero Hora do dia 12 de junho de 2009.  Verificamos a grande ocorrência de conjunções, e pequena ocorrência de referência, coesão lexical, elipses e substituições.

4.1 REFERÊNCIA
L7 – mais de (referencia comparativa)
L 11 – este (referência demonstrativa – exofórica)
L 13 – esses (referência demonstrativa – endofórica – anafórica)
L 17,19 e 21 – mais (referência comparativa)
L 21 – elas (referência pessoal – endofórica – anafórica)
L 24 – esses (referência demonstrativa – endofórica – catafórica)


4.2 COESÃO LEXICAL
L 1 – País (hiponímia)
L1 e 2– 600 funções comissionadas e cargos com gratificação (colocação em relação à senado)
L 2 – Senado (meronímia)
L3 – caixa-preta (colocação em relação à senado
L 4 – cargos (meronímia de emprego)
L 5 – órgão que deveria se pautar sempre pela transparência (colocação em relação a senado)
L 5 – técnicos do senado (colocação em relação a senado)
L5 – nomear parente, amigos, criar cargos e aumentar salários (colocação em relação a atos administrativos secretos)
L6 – 300 decisões que não foram publicadas (colocação em relação à caixa-preta)
L7 as medidas (colocação em relação às 300 decisões que não foram publicadas)
L 9 – senadores (meronímia de senado)
L 13 – novos dados (sinonímia de levantamentos feitos pelos técnicos do senado)
L 14 – a revelação (sinonímia de novos dados)
L 16 – legislativo (meronímia de senado)
L 19 – atos secretos de nomeações e exonerações (sinonímia de atos administrativos secretos)
L 20 – senado (repetição)
L21 – irregularidades (sinonímia de caixa preta e tudo que foi dito antes sobre as fraudes do senado)
L24 – senado (repetição)
L 24 fatos (refere-se a tudo que foi dito antes, sinonímia)

4.3 ELIPSE E SUBSTITUIÇÃO
L2 – dos quais” retoma (substitui) cargos com gratificação
L 4 -( elipse do verbo nomear )
L 6 – Muitas Ø adotadas ( elipse  de decisões)
L 17- ( elipse de providências )
L19 – (elipse e não a distorção mais escandalosa)
L 21- ( elipse das irregularidades )
L22 – (elipse de neto do senador r presidente José Sarney nomeado num jogo...)
L24 – (elipse de oração “o senado tem obrigação de adotar medidas...”)
L 26 – que Ø se repitam ( elipse de esses fatos)

 4.4 CONJUNÇÃO
L 1 – e (extensão por  adição positiva)
L2 – agora (intensificação espaço-temporal específica)
L 4 – para (Intensificação causal-condicional proposital)
L4 – e (extensão por adição positiva)
L 7 e 8 -  e ( extensão por adição positiva)
L10 – para (intensificação espaço-temporal específica)
L 12 – também (extensão por adição positiva)
L 13 - e ( extensão por adição positiva)
L 14 - e ( extensão por adição positiva)
L 15 – para (intensificação causal-condicional proposital)
L 16 – por que (intensificação por causal-condicional geral)
L 16, 18,19 e 20 - e (extensão por adição positiva)
L 15- ou ( extensão por variação alternativa)
L 24 -  e ( extensão por adição positiva)
L 25- -  e ( extensão por adição positiva)
L 25 – acima de tudo (intensificação espaço-temporal precedente)


5 CONSIDERAÇÔES FINAIS 

Tendo como base análise do texto, orientações da professora da disciplina, leituras complementares e pesquisas, observamos que o texto analisado: “Desmandos no Senado”, publicado no Jornal Zero Hora do dia 12 de junho de 2009 é um texto coeso e com sentido argumentativo, de acordo com o enfoque de Halliday e Mathessen. O mecanismo que mais foi usado foi conjunção e houve a pouca ocorrência de referência, coesão lexical, elipses e substituições, penso que essa é uma característica deste gênero textual que acabamos de analisar.


6. REFERÊNCIAS

BEAUGRANDE, Robert & DRESSLER, Wolfgang. Introduction to Textliguistics. Apud. KOCH, Ingedore Villaça. A coesão Textual. 18ed. São Paulo: Contexto, 2003
CABRAL, Sara Scotta. Subsídio para aulas de Linguística textual. URI Santiago, 2009.
COLAÇO, Silvânia Faccin. Subsídios para aulas de Linguística textual. URI Santiago, 2005.
 HALLIDAY, M. A. K. An introduction to functional grammar. 2. ed. London: Edward Arnold, 1994.
HALLIDAY, M. A. K e HASAN R. Cohesion in English. Londres,1976.
KOCH, Ingedore G. V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 1997 – (Caminhos da Linguística).
KOCH, I. V. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 1994.
MARCUSCHI, Luis Antonio. Lingüística do Texto:o que é e como se faz. Recife: UFPE/Mestrado em Letras e Lingüística, 1986.
TEXTO-FONTE: Zero Hora,Jornal (12/06/09)

ANEXO  1


12 de junho de 2009

EDITORIAL

Desmandos no Senado


1.Depois de surpreender o país com a descoberta de que tinha 600 funções comissionadas e
2.cargos com gratificação, dos quais, 181 diretores, o Senado surpreende agora com a revelação
3.de uma inadmissível caixa-preta num órgão que deveria se pautar sempre pela transparência:
4.atos administrativos secretos foram usados para nomear parentes, amigos, criar cargos e 5.aumentar salários. Levantamento feito por técnicos do Senado nos últimos 45 dias, a pedido da
6.1ª Secretaria, detectou cerca de 300 decisões que não foram publicadas, muitas adotadas há
7.mais de 10 anos. As medidas entraram em vigor, gerando gastos desnecessários e suspeitas da 8.existência de funcionários-fantasmas. A mistura de ineficiência e desmando político-9.administrativo consentida pelos próprios senadores pode ser mensurada pelo aumento dos
10.gastos. De R$ 2,1 bilhões em 2007, o montante subiu para R$ 2,8 bilhões no ano passado. Para 11.este ano, a folha salarial é de R$ 3 bilhões 42,8% de aumento em dois anos. O percentual é 12.explicável também pelo fato de muitos diretores ganharem até R$ 20 mil mensais.

13.Esses novos dados ampliam algo que a sociedade já considerava abusivo e inadmissível. A
14. revelação de que em administrações sucessivas ocorreram descontroles gerenciais e as
15.funções de comando foram utilizadas para favorecer parentes, amigos ou correligionários
16.ajuda a explicar por que a imagem do Legislativo está tão desgastada e por que são exigidas 17.providências mais efetivas do que as tomadas até agora. O excesso de diretorias, revelação
18.que à época foi considerada das mais escandalosas, era apenas uma das distorções – e não a
19.mais escandalosa. A existência de atos secretos de nomeações e exonerações indica que as 20.próprias administrações do Senado tinham consciência de que havia irregularidades e, pior,
21.que elas precisavam ser mantidas fora do conhecimento da população. O caso mais chocante é
22.o da contratação do neto do senador e ex-presidente José Sarney, nomeado num jogo de
23.toma lá dá cá familiar e político.

24.O Senado tem obrigação de dar explicações convincentes sobre esses fatos e de
25.adotar medidas capazes de investigar e punir os faltosos do passado e, acima de tudo, de impedir
26.que se repitam.