RESUMO:
Na década de 60, os linguistas verificaram que a
linguística na frase não estava sendo satisfatória para resolver certos
fenômenos sintáticos-semanticos existentes entre enunciados e sequencias de
enunciados. Surge assim, os primeiros estudos sobre a organização textual
definidos como coerência. Dentro dos estudos linguísticos podemos elencar a
gramática sistêmico-funcional de Halliday e Mathiessen (2004) que apresenta os
recursos de coesão - conjunção, referência, elipse e substituição e coesão
lexical – elementos essenciais para a formação do sentido do texto. Levando em
conta essa gramática, o artigo a seguir analisa o gênero textual editorial “
Desmandos no Senado”, publicado no Jornal Zero Hora do dia 12 de junho de
2009. No texto analisado verificamos a
grande ocorrência de conjunções, e houve a pouca ocorrência de referência,
coesão lexical, elipses e substituições.
PALAVRAS-CHAVE: Linguística
Textual.Recursos de Coesão.Editorial.
1
INTRODUÇÃO
Ler é
um processo contínuo que se confunde com o próprio fato de se estar no mundo
interagindo com ele. Assim, ler
não é um ato mecânico, e sim um processo
ativo. A mente filtra as informações recebidas, interpreta essas
informações e seleciona aquelas que são consideradas relevantes. O que se fixa
em nossa mente é o significado geral do texto.
Na década de 60 surgiu na Europa a ciência que estuda
o texto e suas relações, a chamada Linguística Textual. Nos anos 80,
iniciaram-se no Brasil, os primeiros estudos dessa ciência que propôs analisar
o texto como sequências linguísticas coerentes entre si. O principal objetivo
da Linguística textual é estudar os processos e mecanismos de construção
textual que dão significado ao texto.
É necessário refletir sobre a
construção do texto, as estratégias linguisticas formais, a fim de que haja
comunicação. A linguística do texto deve operar como um termo intermediário
entre a língua e a fala, deve dar relevância primordial às questões de ordem
pragmática relativas à enunciação.
A
Linguística, dá embasamento para
vários estudos na área da produção textual, e é a partir deste ponto que
nortearemos o trabalho a seguir, baseado no editorial : “ Desmandos no Senado”,
publicado no Jornal Zero Hora do dia 12 de junho de 2009 . Primeiramente, serão
expostas algumas considerações sobre a Linguística Textual, em seguida, mais
especificamente, sobre coesão textual e os elementos que a abrange.
2
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
2.1
LINGUÍSTICA TEXTUAL
Linguística Textual surge dos estudos
que se vêm desenvolvendo na área da lingüística. A partir da década de 60, os
lingüistas constataram que a frase não dava conta de explicar a produção de
sentidos e que seu sentido só poderia ser encontrado a partir do texto com
referência a um contexto situacional. Desta mudança de investigação dos
lingüistas, FÁVERO & KOCH (1988: 11) enunciam:
Sua hipótese de trabalho consiste em
tomar como unidade básica, ou seja, como objeto particular de investigação, não
mais a palavra ou frase, mas sim o texto, por serem os textos a forma
específica de manifestações da linguagem.
A Linguística
Textual toma, então, como objeto particular de investigação o texto considerado
como unidade básica de manifestação da linguagem, pois o homem se comunica
através de textos nos quais existem diversos fenômenos que só podem ser
explicados em seu próprio interior.
A
coerência e coesão textuais são conceitos nucleares da lingüística textual que
dizem respeito a dois fatores de garantia e preservação da textualidade. Coerência é a ligação em conjunto dos
elementos formativos de um texto, a coesão é a associação consistente desses
elementos. A distinção entre estes dois fatores de textualidade ainda está em
discussão quer na teoria do texto, quer na linguística.
Halliday
e Hasan (1976) são autores que apenas se referem a aspectos, sem qualquer
distinção. Por outro lado, autores como Beaugrande e Dressler apresentam
coerência e coesão como níveis distintos de análise.
A
coesão diz respeito ao modo como ligamos os elementos textuais uma sequência; a
coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito aos conceitos e as
relações semânticas que permitem a união dos elementos textuais.
Cabe
ainda lembrar que, conforme os filósofos analíticos de Oxford toda a
manifestação linguística constitui um ato de linguagem isto é, realiza uma
ação. Assim os enunciados são dotados de conteúdo proporcional e força
ilocucionária.
Marcuschi
(1986, p. 12, 13) define Lingüística Textual como “o estudo das operações
lingüísticas e cognitivas reguladoras e controladoras da produção, construção,
funcionamento e recepção de textos escritos e orais. Trata o texto como um ato
de comunicação unificado num complexo universal de ações humanas. Por um lado,
deve preservar a organização linear que é o tratamento estritamente lingüístico
abordado no aspecto da coesão e, por outro lado, de intenções que realizam a
coerência no aspecto semântico e funções pragmáticas.”
Dos
aspectos responsáveis pela textualidade, nesse trabalho, será feito um estudo
mais aprofundado da Coesão Textual, uma vez que, será feita a análise dos
elementos coesivos no gênero editorial, buscando ressaltar a importância desses
elementos para a compreensão do texto, bem como do gênero enquanto circulação
social.
2.2
COESÃO
O estudo da coesão textual tem sido
predominantemente desenvolvido dentro do ramo da linguística a que se denomina
linguística do texto. Halliday e Hasan (1976)
definem coesão como sendo um conceito semântico, o qual se refere às relações
de significados que existem dentro do texto. Afirmam que a coesão define se o
texto é ou não um texto. Para os autores, a coesão ocorre quando a
interpretação de um elemento depende da interpretação de outro. Acrescentam que
a coesão é parte do sistema de uma língua e é expressa parcialmente, através da
gramática e, parcialmente, através do léxico. Eles interpretam, na prática,
coesão como vários recursos semânticos para ligar uma sentença com o que foi
expresso antes. Entendem que a coesão textual depende de cinco categorias de
procedimentos, a referência (pessoal, demonstrativa, comparativa), substituição (nominal, verbal, frasal), elipse (nominal, verbal, frasal), conjunção (aditiva, adversativa, causal, temporal, continuativa)
e coesão lexical (repetição, sinonímia,
hiperonímia, uso de nomes genéricos, colocação), sendo que cada um desses
mecanismos tem características próprias.
Beaugrande & Dressler (1981),
colocam que a coesão concerne ao modo como os componentes da superfície
textual, isto é, as palavras e frases que compõem um texto, encontram-se
conectadas entre si numa seqüência linear, por meio de dependências de ordem
gramatical.
Os
autores acima afirmam que a coesão é uma condição necessária, embora não suficiente
para a criação do texto. Para Marcuschi (1986) não se trata de condição
necessária, nem suficiente: existem textos destituídos de recursos coesivos,
mas em que a continuidade se dá ao nível de sentido e não ao nível das relações
entre os constituintes lingüísticos. Por outro lado, há textos em que ocorre um
seqüenciamento coesivo de fatos isolados que permanecem isolados, e com isso
não têm condições de formar uma textura. Ele define os fatores de coesão como
“aqueles que dão conta da estruturação da seqüência superficial do texto”,
estabelecer, entre os elementos afirmando que se trata de mecanismos formais de
uma língua que permitem lingüísticos do texto, relações de sentido.
Para
Halliday e Hasan (1976) a referência engloba todos os termos que não podem ser
interpretados semanticamente sozinhos, mas que fazem referência a um outro
termo, para se dar a interpretação. A referência pode ser situacional
(exofórica), quando é dirigida a algum elemento da situação comunicativa,
extratextual, ou textual (endofórica), quando o referente esta contido no
texto, neste caso a referência pode ser anafórica, se o referente vier antes do
item coesivo, ou catafórico quando o referente vier após o elemento coesivo. Há
três tipos de referência: pessoal, demonstrativa e comparativa. A referência
pessoal é feita a partir de pronomes pessoais. A referência demonstrativa
realiza-se por meio de pronomes demonstrativos e advérbios indicativos de
lugar. E, por fim, a referência comparativa é efetuada por via indireta e por
meio de identidade e similaridade.
Segundo
os autores (1976, p.145 apud Dimas e Scavazza 2005), a substituição é a
pressuposição no nível de palavras e estruturas. Ela consiste na colocação de
um item em lugar de outro (s) elemento (s) do texto, ou até mesmo de uma oração
inteira. Eles (1976, p.90),
classificam a substituição em três tipos distintos, que são: nominal, verbal e
frasal. O primeiro tipo, nominal, só pode substituir um item nuclear de um
outro grupo nominal, mas não necessitando esse item possuir a mesma função na
frase. Já na substituição verbal, um item (verbo) funciona como núcleo do grupo
verbal que retoma o que foi exposto antes e que sempre aparecera no final da
oração. Por fim, na substituição frasal, um elemento do texto passa a ser entendido
como uma frase.
Em relação a elipse, os autores
(1976) colocam que ela pode ser interpretada como uma forma especial de
substituição, na qual os itens não são substituídos por nenhum outro item
lexical, sintagma, oração ou enunciado, facilmente recuperável pelo texto.
A conjunção diferencia-se dos
demais mecanismos coesivos, pois não estabelece uma relação anafórica entre as
partes do todo. Halliday e Hasan (1976, p.226), apresentam como principais
tipos de conjunção a aditiva, a adversativa, a causal, a temporal e a
continuativa.
A
coesão lexical, para os autores (1976), é obtida por dois mecanismos: a
reiteração e a colocação. O primeiro mecanismo faz-se por repetição do mesmo
item lexical ou por meio de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos cuja função
coesiva está no limite entre as coesões lexical e gramatical. Já a colocação é
a relação dos elementos lexicais que ocorrem juntos regularmente.
Fávero
(1995) afirma que a proposta de Halliday e Hasan suscita algumas indagações,
como: a separação entre substituição, elipse e referência, por que separá-las?
A referência exofórica deve ser considerada um mecanismo de coesão? Por que
considerar a coesão lexical um tipo à parte, se ela tem função de estabelecer
referência?
A
partir dessas indagações, ela apresenta uma reclassificação, considerando
termos que exercem a função coesiva na construção do texto. Ela propõe três
tipos de coesão: referencial, recorrencial e seqüencial.
A
coesão referencial diz respeito aos itens que têm como função estabelecer
referência, isto é, não são interpretados semanticamente pelo seu sentido
próprio, mas fazem referência a alguma coisa necessária a sua interpretação.
Podem ser por substituição ou reiteração.
A
coesão recorrencial se dá quando, apesar de haver retomada de estruturas, itens
ou sentenças, o fluxo informacional caminha, progride; tem, então, por função
levar adiante o discurso. Os casos de coesão recorrencial constituem-se em:
recorrência de termos, paráfrases, paralelismos e recursos fonológicos segmentais
e supra-segmentais.
elipses
e substituições. Já na zona lexical, está a coesão lexical que pode Os
mecanismos de coesão seqüencial têm por função, da mesma forma que os de
recorrência, fazer progredir o texto, fazer caminhar o fluxo informacional,
entretanto, diferem-se dos de recorrência, por não haver neles retomada de
itens, sentenças ou estruturas. Podem ocorrer por seqüenciação temporal e por
conexão.
Nesse trabalho serão utilizados os
recursos lexicogramaticais de coesão propostos por Halliday e Matthienssen
(2004) divididos em: zona gramatical e zona lexical. Na zona gramatical estão
as referências, as conjunções e as ser por repetição, sinonímia, hiponímia,
meronímia e colocação.
As
referências podem ser pessoais – pronomes pessoais, oblíquos e possessivos,
demonstrativas – pronomes demonstrativos e advérbios dêiticos e comparativas –
adjetivos e advérbios comparativos.
A
elipse e substituição podem ser de oração, parte de oração, grupo verbal e
grupo nominal.
As
conjunções, relações lógico-semânticas usadas para ligar pares de orações em
conexões, se dividem em três tipos de expansão: elaboração, extensão e
intensificação. Na elaboração, os elementos são utilizados pra representar ou
restabelecer, como também para sumarizar, com maior precisão o termo
apresentado anteriormente. Na extensão, as informações são expandidas através
de acréscimo ou variação de informação. Já na intensificação, a informação é
enriquecida por outras informações de cunho espacial, temporal, causal,
condicional, entre outras.
Esses
três tipos de expansão das conjunções subdividem-se em vários outros. A
elaboração pode ser por clarificação ou exposição. A expansão pode ser por
adição e variação. A intensificação pode ser espaço-temporal, de modo,
causal-condicional e de assunto.
Segundo
Halliday e Matthienssen (2004), as conjunções são sistemas coesivos que se
desenvolvem como um recurso complementar para criar e interpretar textos. O
sistema de conjunção pode se verificar dentro da oração complexa, mas também
além do domínio gramatical da oração.
3
METODOLOGIA
Segundo
Halliday e Matthiessen (2004), a metafunção textual trata da organização do
texto como mensagem, tem como função estudar a organização do fluxo de
informação e as relações coesivas no texto.
Neste
trabalho, analisaremos o editorial “Desmandos no Senado”, publicado no Jornal
Zero Hora do dia 12 de junho de 2009 (anexo 1). A escolha do referido texto foi
feita durante a leitura do jornal “on line“. A análise dos elementos de coesão
presentes no texto - referência, substituição, elipse, coesão lexical e conjunção
- foi feita seguindo a visão de Halliday e Mathessen (2004), conforme nos
orientou a professora da disciplina.
4
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para
entendermos melhor o texto, a linguística textual ou linguística do texto,
possibilita-nos estudar as relações sintático-semanticas entre enunciados.
Segundo
Halliday (2004), o texto é a forma lingüística de interação social, sendo este
composto por uma progressão sucessiva ou simultânea de significados, progressão
gerada pelos mecanismos de coesão que são os elementos presentes na superfície
textual e que se encontram interligados por meio de recursos linguísticos.
São
estes elementos que procuramos identificar e analisar no editorial “Desmandos no Senado”, publicado no Jornal
Zero Hora do dia 12 de junho de 2009.
Verificamos a grande ocorrência de conjunções, e pequena ocorrência de
referência, coesão lexical, elipses e substituições.
4.1
REFERÊNCIA
L7 – mais de (referencia
comparativa)
L 11 – este (referência
demonstrativa – exofórica)
L 13 – esses (referência demonstrativa – endofórica – anafórica)
L 17,19 e 21 – mais (referência
comparativa)
L 21 – elas (referência pessoal –
endofórica – anafórica)
L 24 – esses (referência
demonstrativa – endofórica – catafórica)
4.2
COESÃO LEXICAL
L 1 – País (hiponímia)
L1 e 2– 600 funções comissionadas e cargos com
gratificação (colocação em relação à senado)
L 2 – Senado (meronímia)
L3 – caixa-preta (colocação em relação à senado
L 4 – cargos (meronímia de emprego)
L 5 – órgão que deveria se pautar sempre pela
transparência (colocação em relação a senado)
L 5 – técnicos do senado (colocação em relação a
senado)
L5 – nomear parente, amigos, criar cargos e aumentar
salários (colocação em relação a atos administrativos secretos)
L6 – 300 decisões que não foram publicadas (colocação
em relação à caixa-preta)
L7 as medidas (colocação em relação às 300 decisões
que não foram publicadas)
L 9 – senadores (meronímia de senado)
L 13 – novos dados (sinonímia de levantamentos feitos
pelos técnicos do senado)
L 14 – a revelação (sinonímia de novos dados)
L 16 – legislativo (meronímia de senado)
L 19 – atos secretos de nomeações e exonerações
(sinonímia de atos administrativos secretos)
L 20 – senado (repetição)
L21 – irregularidades (sinonímia de caixa preta e tudo
que foi dito antes sobre as fraudes do senado)
L24 – senado (repetição)
L 24 fatos (refere-se a tudo que foi dito antes,
sinonímia)
4.3
ELIPSE E SUBSTITUIÇÃO
L2 – “dos quais” retoma (substitui) cargos com gratificação
L 4 -( elipse do verbo nomear )
L 6 – Muitas Ø adotadas (
elipse de decisões)
L 17- ( elipse de providências )
L19 – (elipse e não a distorção
mais escandalosa)
L 21- ( elipse das
irregularidades )
L22 – (elipse de neto do senador
r presidente José Sarney nomeado num jogo...)
L24 – (elipse de oração “o senado
tem obrigação de adotar medidas...”)
L 26 – que Ø se repitam ( elipse
de esses fatos)
4.4 CONJUNÇÃO
L 1 – e (extensão por adição
positiva)
L2 – agora (intensificação espaço-temporal
específica)
L 4 – para (Intensificação
causal-condicional proposital)
L4 – e (extensão por adição
positiva)
L 7 e 8 - e ( extensão por adição positiva)
L10 – para (intensificação
espaço-temporal específica)
L 12 – também (extensão por adição
positiva)
L 13 - e ( extensão por adição
positiva)
L 14 - e ( extensão por adição
positiva)
L 15 – para (intensificação
causal-condicional proposital)
L 16 – por que (intensificação
por causal-condicional geral)
L 16, 18,19 e 20 - e (extensão
por adição positiva)
L 15- ou ( extensão por variação
alternativa)
L 24 - e ( extensão por adição positiva)
L 25- - e ( extensão por adição positiva)
L 25 – acima de tudo
(intensificação espaço-temporal precedente)
5
CONSIDERAÇÔES FINAIS
Tendo
como base análise do texto, orientações da professora da disciplina, leituras
complementares e pesquisas, observamos que o texto analisado: “Desmandos no
Senado”, publicado no Jornal Zero Hora do dia 12 de junho de 2009 é um texto coeso
e com sentido argumentativo, de acordo com o enfoque de Halliday e Mathessen. O
mecanismo que mais foi usado foi conjunção e houve a pouca ocorrência de
referência, coesão lexical, elipses e substituições, penso que essa é uma
característica deste gênero textual que acabamos de analisar.
6. REFERÊNCIAS
BEAUGRANDE, Robert & DRESSLER,
Wolfgang. Introduction to Textliguistics. Apud. KOCH, Ingedore Villaça. A coesão Textual. 18ed. São Paulo: Contexto, 2003
CABRAL, Sara Scotta. Subsídio
para aulas de Linguística textual. URI
Santiago, 2009.
COLAÇO, Silvânia Faccin.
Subsídios para aulas de Linguística
textual. URI Santiago, 2005.
HALLIDAY, M.
A. K. An introduction to functional grammar. 2. ed. London: Edward Arnold, 1994.
HALLIDAY, M. A. K e HASAN R. Cohesion in English. Londres,1976.
KOCH, Ingedore G. V. O texto e a construção dos sentidos. São
Paulo: Contexto, 1997 – (Caminhos da Linguística).
KOCH, I. V. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 1994.
MARCUSCHI, Luis Antonio. Lingüística do Texto:o que é e como se faz. Recife: UFPE/Mestrado
em Letras e Lingüística, 1986.
TEXTO-FONTE: Zero Hora,Jornal (12/06/09)
ANEXO 1
12 de junho de 2009
EDITORIAL
Desmandos no Senado
1.Depois
de surpreender o país com a descoberta de que tinha 600 funções comissionadas e
2.cargos
com gratificação, dos quais, 181 diretores, o Senado surpreende agora com a
revelação
3.de
uma inadmissível caixa-preta num órgão que deveria se pautar sempre pela
transparência:
4.atos
administrativos secretos foram usados para nomear parentes, amigos, criar
cargos e 5.aumentar salários. Levantamento feito por técnicos do Senado nos
últimos 45 dias, a pedido da
6.1ª
Secretaria, detectou cerca de 300 decisões que não foram publicadas, muitas
adotadas há
7.mais
de 10 anos. As medidas entraram em vigor, gerando gastos desnecessários e
suspeitas da 8.existência de funcionários-fantasmas. A mistura de ineficiência
e desmando político-9.administrativo consentida pelos próprios senadores pode
ser mensurada pelo aumento dos
10.gastos.
De R$ 2,1 bilhões em 2007, o montante subiu para R$ 2,8 bilhões no ano passado.
Para 11.este ano, a folha salarial é de R$ 3 bilhões 42,8% de aumento em dois
anos. O percentual é 12.explicável também pelo fato de muitos diretores
ganharem até R$ 20 mil mensais.
13.Esses novos dados ampliam algo que a sociedade já considerava abusivo e inadmissível. A
13.Esses novos dados ampliam algo que a sociedade já considerava abusivo e inadmissível. A
14.
revelação de que em administrações sucessivas ocorreram descontroles gerenciais
e as
15.funções
de comando foram utilizadas para favorecer parentes, amigos ou correligionários
16.ajuda
a explicar por que a imagem do Legislativo está tão desgastada e por que são
exigidas 17.providências mais efetivas do que as tomadas até agora. O excesso
de diretorias, revelação
18.que
à época foi considerada das mais escandalosas, era apenas uma das distorções –
e não a
19.mais
escandalosa. A existência de atos secretos de nomeações e exonerações indica
que as 20.próprias administrações do Senado tinham consciência de que havia
irregularidades e, pior,
21.que
elas precisavam ser mantidas fora do conhecimento da população. O caso mais
chocante é
22.o
da contratação do neto do senador e ex-presidente José Sarney, nomeado num jogo
de
23.toma
lá dá cá familiar e político.
24.O Senado tem obrigação de dar explicações convincentes sobre esses fatos e de
24.O Senado tem obrigação de dar explicações convincentes sobre esses fatos e de
25.adotar
medidas capazes de investigar e punir os faltosos do passado e, acima de tudo,
de impedir
26.que
se repitam.
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